Em 2025, a Selic poderá atingir 15%, mas especialistas afirmam que, mesmo assim, a inflação pode não ser contida.
Entenda o porquê.
A taxa Selic, principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação no Brasil, é o centro das atenções em 2025.
Com a inflação acima da meta estipulada de 3%, as projeções indicam que a Selic poderá alcançar 15% ainda no primeiro semestre do ano.
Mas será que isso é suficiente para conter a alta dos preços?
Historicamente, o aumento da Selic reduz o consumo e os investimentos, já que o crédito se torna mais caro.
No entanto, o impacto dessa estratégia depende de outros fatores, como a credibilidade da política fiscal e a confiança dos mercados.
Gabriel Fongaro, economista-sênior da gestora de fortunas Julius Baer, alerta que, sem uma gestão fiscal responsável, nem mesmo juros elevados serão capazes de trazer a inflação de volta à meta.
O equilíbrio fiscal é essencial para o sucesso de políticas monetárias restritivas.
Em 2024, o governo brasileiro ampliou os gastos públicos em ritmo acelerado, o que aumentou o déficit e gerou desconfiança no mercado. Esse cenário pressiona a inflação, já que gastos elevados injetam mais dinheiro na economia, estimulando o consumo e dificultando o controle dos preços.
A situação se agrava quando o aumento da Selic precisa compensar a falta de responsabilidade fiscal.
Isso porque, sem cortes nos gastos, o Banco Central precisa elevar os juros ainda mais, o que torna o custo do ajuste econômico mais pesado para famílias e empresas.
Além disso, juros elevados podem prejudicar o crescimento econômico e aumentar o desemprego a longo prazo.
A inflação no Brasil continua sendo uma preocupação central, mesmo com a Selic em níveis historicamente altos.
Mas quais são os fatores que contribuem para esse cenário?
Um dos principais vilões da inflação é a desvalorização do real frente ao dólar.
Com a Selic em 2025, o câmbio permanece acima de R$ 5,50, o que encarece a importação de produtos e pressiona os preços internos.
Isso afeta especialmente setores como alimentos, combustíveis e bens industrializados, que dependem de insumos importados.
Além disso, a incerteza política e fiscal no Brasil desestimula investidores estrangeiros, aumentando a saída de dólares do país.
Esse movimento piora ainda mais o câmbio, criando um ciclo vicioso que dificulta o controle da inflação.
Outro ponto crucial é a falta de credibilidade na administração fiscal.
O aumento expressivo dos gastos públicos nos dois primeiros anos do atual governo elevou a dívida pública a níveis preocupantes.
Mesmo que o governo desacelere o ritmo de gastos nos próximos anos, o impacto fiscal acumulado continuará pressionando a economia.
Entre as despesas que mais preocupam os analistas estão o ajuste do salário mínimo vinculado ao PIB e os benefícios sociais, que consomem uma parcela significativa do orçamento federal.
Sem reformas estruturais, esses gastos tornam o ajuste fiscal quase impossível de ser alcançado.
O Banco Central, sob nova liderança, enfrenta um desafio complexo: combater a inflação em um cenário de descontrole fiscal e incertezas políticas.
De acordo com especialistas, a Selic deverá atingir 15% na reunião de maio do Copom (Comitê de Política Monetária), com altas já contratadas para as reuniões anteriores.
No entanto, Gabriel Fongaro acredita que esse patamar pode não ser suficiente para estabilizar os preços no médio prazo.
O Banco Central tem como função principal controlar a inflação, mas suas ferramentas têm limitações.
Como Fongaro destaca, o órgão não pode especular sobre a política fiscal e precisa basear suas decisões em dados concretos.
Isso significa que, se o governo não colaborar com ajustes fiscais, o BC terá que recorrer a juros cada vez mais altos, prejudicando a economia como um todo.
A situação fiscal e econômica do Brasil em 2025 também está sendo afetada pelo contexto internacional, especialmente pelas políticas dos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, o novo governo de Donald Trump enfrenta desafios fiscais semelhantes aos do Brasil.
A dívida pública americana está em trajetória de alta, e a política monetária do Federal Reserve precisa lidar com pressões inflacionárias internas.
Embora as economias sejam diferentes, a postura do governo americano influencia diretamente o Brasil, principalmente por meio da cotação do dólar e da política de juros globais.
Se os EUA aumentarem seus gastos, a pressão sobre moedas emergentes como o real será ainda maior.
Diante desse cenário, os investidores precisam se preparar para um ambiente desafiador em 2025.
Algumas estratégias incluem:
Essas ações podem ajudar a mitigar os impactos negativos de um ano que promete ser turbulento para a economia brasileira.
A perspectiva de uma Selic a 15% em 2025 levanta uma questão importante: será que apenas a política monetária é capaz de conter a inflação?
Como vimos, a resposta depende de fatores que vão além dos juros, como a credibilidade fiscal e o cenário internacional.
Enquanto o Banco Central faz o possível para estabilizar os preços, a responsabilidade também recai sobre o governo, que precisa demonstrar compromisso com reformas estruturais e controle de gastos.
Sem isso, o custo econômico e social de conter a inflação continuará a ser um fardo pesado para o Brasil.
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