Alguns fundos se destacam por inovar e buscar nichos específicos, como é o caso do SNEL11, um fundo voltado exclusivamente para investimentos em energias limpas.
Nos últimos anos, os fundos imobiliários vêm ganhando espaço entre os investidores brasileiros por oferecerem uma combinação atraente de rentabilidade, previsibilidade de fluxo de caixa e diversificação de portfólio.
Recentemente, o SNEL11 anunciou a aquisição de cinco usinas solares prontas, marcando uma importante mudança em sua estratégia operacional.
Essa decisão chamou a atenção do mercado, pois representa não apenas uma reestruturação tática, mas também uma oportunidade promissora de receita previsível e diversificação regional.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes essa movimentação, seus impactos e o que ela representa para os cotistas e para o futuro da energia solar no Brasil.
O que é o SNEL11 e qual sua proposta?
O SNEL11 é um fundo imobiliário administrado pela Suno Asset, com foco exclusivo no setor de energia renovável, mais especificamente na geração distribuída de energia solar.
Seu principal objetivo é adquirir, desenvolver e explorar ativos que proporcionem receita recorrente a partir da locação de usinas solares.
Diferente dos FIIs tradicionais que investem em imóveis físicos, o SNEL11 opera por meio da aquisição de Sociedades de Propósito Específico (SPEs), que detêm os ativos energéticos.
Esse modelo permite uma gestão mais ágil e especializada, adequada ao segmento de infraestrutura energética.
Características principais:
- Renda com baixo risco operacional;
- Foco em ativos sustentáveis;
- Estratégia voltada para geração de caixa previsível;
- Diversificação por localização e contratos.
Nova estratégia: da construção à aquisição
Até pouco tempo, o SNEL11 priorizava o desenvolvimento de projetos do zero. Isso incluía toda a fase de concepção, aprovação, construção e, finalmente, conexão à rede.
No entanto, a recente mudança mostra uma guinada estratégica importante: o foco agora está na aquisição de usinas solares já prontas e operacionais.
Essa abordagem visa acelerar a geração de receita, uma vez que elimina o tempo e o risco associados ao desenvolvimento de novos projetos.
A aquisição direta permite que o fundo passe a receber aluguéis e retornos logo após o fechamento dos contratos.
Essa movimentação também evidencia uma adaptação às demandas do mercado, que busca mais previsibilidade nos rendimentos.
Com os ativos já operacionais, o risco de performance é mitigado, e o fundo consegue uma avaliação mais precisa do retorno projetado.
Detalhes das novas aquisições solares
O SNEL11 fechou recentemente a compra de cinco usinas solares prontas, localizadas nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O investimento total foi de R$ 123,4 milhões, recurso proveniente da terceira emissão de cotas do fundo.
Dentre os ativos adquiridos, destaca-se um cluster solar com capacidade de 11,5 MWac e 15,27 MWp, localizado na área de concessão da Light, no Rio de Janeiro.
Essa planta possui uma geração anual estimada de 22.330 MWh e está 100% locada, o que garante fluxo de caixa desde o primeiro momento.
Outras duas usinas ficam em Minas Gerais, sob concessão da Cemig.
Juntas, devem gerar cerca de 12.300 MWh por ano. Uma delas está em fase de ramp-up, com um contrato de Renda Mínima Garantida (RMG) por 12 meses, o que assegura retorno mesmo com variações na ocupação.
Atraente rentabilidade com risco controlado
Uma das informações que mais chamou a atenção dos investidores foi a projeção da Taxa Interna de Retorno (TIR): o fundo estima um retorno real de 15,3% para essas novas aquisições.
Para quem busca renda passiva com perfil moderado de risco, esse número é bastante relevante.
Além disso, os contratos preveem uma cláusula de ajuste de preço após 13 meses da compra, caso a performance das usinas não atinja as expectativas baseadas em estudos de índice solarimétrico.
Essa proteção contratual reduz o risco para o cotista e evidencia o cuidado da gestão com a análise dos ativos.
Vantagens desse modelo:
- Redução de riscos na operação;
- Garantia de receita desde o início;
- Previsibilidade de rendimentos para o cotista;
- Proteções contratuais em caso de performance abaixo do esperado.
Impacto para os cotistas do SNEL11
A aquisição dessas usinas traz impactos diretos e positivos para os investidores do fundo.
O primeiro deles é o incremento na geração de receita, que possibilita o aumento no valor dos dividendos distribuídos mensalmente.
Além disso, a diversificação geográfica fortalece a estrutura do portfólio, reduzindo a dependência de uma única área de concessão e mitigando riscos climáticos ou regulatórios locais. Isso se reflete diretamente na segurança e estabilidade dos rendimentos.
Com o aumento do número de ativos geradores, o fundo também amplia sua capacidade de negociação e seu poder de compra no mercado. Em outras palavras, os cotistas passam a fazer parte de um fundo mais robusto e com maior capacidade de crescimento.
Como funcionam as SPEs e os contratos de aquisição
A estrutura jurídica das aquisições é feita por meio da compra de cotas de SPEs.
Cada uma dessas sociedades é responsável pela operação de uma usina solar específica.
Esse formato traz agilidade e flexibilidade na negociação de ativos.
Os contratos firmados ainda estão condicionados ao cumprimento de condições precedentes, o que significa que há prazos e etapas que precisam ser cumpridos até a efetiva transferência de propriedade.
Isso é comum em operações desse porte e visa garantir a segurança jurídica do processo.
Além disso, o fundo também celebrou a compra da sociedade NK 312, que detém participação em outros projetos já inseridos na estrutura do SNEL11.
Entre eles, estão os projetos Mundo Melhor, São Bento Abade e Liberdade, além de participações minoritárias em outros ativos.
Rentabilidade das novas cotas e pagamento de dividendos
Com o sucesso da 3ª emissão de cotas, o fundo arrecadou cerca de R$ 166 milhões, dos quais parte foi utilizada na aquisição das usinas.
Essas novas cotas já estão sendo negociadas na B3 e fecharam a R$ 8,57 no primeiro dia, acima do preço de subscrição (R$ 8,55).
Os cotistas que aderiram à oferta já começaram a receber dividendos proporcionais, variando entre R$ 0,02708 e R$ 0,06201 por cota.
A partir do mês seguinte, esses investidores passam a ter direito aos mesmos dividendos dos cotistas antigos.
No último pagamento de rendimentos, referente ao mês de março, o fundo distribuiu R$ 0,10 por cota, o que representa um dividend yield de 1,15% ao mês.
No entanto, considerando a média dos FIIs do mercado, esse é um rendimento acima da média.
Perspectivas para o futuro do SNEL11
Com essa nova abordagem centrada em usinas prontas, o SNEL11 dá um passo importante rumo à consolidação como fundo referência em energia limpa.
Contudo, a tendência é que continue buscando ativos que já estejam operacionais e que tragam retorno imediato para os cotistas.
Além disso, com o avanço da regulamentação e a maior valorização da pauta ambiental, o setor de energia solar tende a se beneficiar.
Fundos como o SNEL11 devem surfar essa onda, atraindo mais investidores e aumentando seu patrimônio líquido.
Esse movimento também pode influenciar outros fundos a adotarem estratégias semelhantes, o que pode aquecer ainda mais o mercado de geração distribuída no Brasil.
Sendo assim, para quem busca investir com propósito, o SNEL11 representa uma boa porta de entrada.
Conclusão
O movimento do SNEL11 em adquirir usinas solares prontas mostra uma evolução estratégica inteligente, que alia previsibilidade de receita, segurança jurídica e retorno atrativo.
Além disso, para os investidores, isso se traduz em dividendos mais constantes e menor exposição a riscos operacionais.
Mais do que um fundo que investe em energia, o SNEL11 vem se posicionando como um veículo sólido para quem busca investimentos sustentáveis com rentabilidade real.
Entretanto, com uma equipe de gestão experiente, visão estratégica e boa comunicação com o mercado, o fundo tem tudo para continuar crescendo de forma saudável.